13 novembro, 2005

Setores de atividade locais

Atividades Primárias
As atividades relacionadas com o sector primário são as que ocupam maioritariamente a população ativa. A agricultura é a grande fonte de rendimentos e de subsistência para a maior parte dos seus residentes.
Para estas populações, os extensos pinhais que ladeiam a povoação são uma extraordinária e rentável fonte de receitas. Contudo, encontram-se sob uma grande exposição e vulnerabilidade aos incêndios que proliferam de forma mais frequente, sobretudo em anos e épocas mais quentes.
No perímetro desta localidade, as culturas mais abundantes são o vinho, a batata e cereais como o milho e o centeio. Produz-se ainda a castanha, o feijão e uma generalidade de produtos hortícolas.
Outrora, abundava também o azeite, muito apaladado, embora nas últimas décadas, por razões de vária ordem, sobretudo as relacionadas com as alterações climáticas que se vêm sentindo, propicia a propagação de algumas doenças (pragas), impedindo assim a produção deste alimento antigo, um clássico na culinária portuguesa.
Na generalidade, a maior parte dos habitantes têm árvores de fruto com alguma variedade, nomeadamente, macieiras, pereiras, cerejeiras e outras.
Há também alguns agricultores que se dedicam à criação de gado, especialmente ovino e bovino. No entanto, face às epidemias que têm afetado esta atividade, têm sofrido uma grande recessão, levando à procura de outras atividades produtivas.
Devido à sua grande abundância e diversidade, a caça foi uma atividade que ocupou muito as pessoas da aldeia. Há algumas décadas, com os campos maioritariamente cultivados, a oferta de alimentação para estes animais era diversificada, proporcionando uma grande reprodução. Caçavam-se perdizes, coelhos e lebres. Nos dias de hoje, com uma grande parte dos terrenos agrícolas abandonados e com um numeroso conjunto de caçadores, a reprodução acaba por ser insuficiente face a tão elevada procura, levando muitos “habitats” a ficarem reduzidos e sem caça.
Por outro lado, o caudal do rio Tanha servia para movimentar os arcaicos moinhos de água, com as suas pesadas mós. Num curto espaço geográfico, havia cinco moinhos hidráulicos cuja produção se destinava não só aos residentes, mas também às povoações limítrofes. A farinha resultava, sobretudo, da moagem do milho e do centeio. O trigo e a cevada eram escassos.
Esta “indústria” da moagem foi decaindo com o passar dos tempos, dando lugar esta “manufatura” dos moinhos hidráulicos à “maquinofatura” dos moinhos elétricos. Esta alteração provocou o abandono desta atividade, trazendo o desespero a algumas pessoas que dedicaram grande parte da sua vida a esta ocupação. Esta chegou a ser, para algumas famílias, o seu ganha pão e a sua grande fonte de rendimentos.
O leito do rio foi engenhosamente “travado” pela mão do Homem através da construção de açudes. O grande objetivo desta habilidosa construção consistia na retenção das águas, dirigindo-as para a irrigação das várias culturas, sobretudo nos meses mais quentes. Esta técnica servia ainda para a criação e reprodução de uma grande quantidade de peixe do rio. Todavia, com a falta de vigilância e de legislação adequada, a vandalização deste importante recurso tomou conta da atividade piscatória, levando, praticamente, ao seu desaparecimento.

Atividades Secundárias
Longe das grandes redes viárias e arredada dos importantes centros de decisão e de interesse, a aldeia de São Cibrão pouco sentiu o processo de industrialização que outros locais viveram. A não existência de um grande canal fluvial ou a ausência de uma importante rede de caminhos-de-ferro levou a que as indústrias, sobretudo a têxtil e a de lanifícios, não se fixassem e se deslocassem para outras paragens, sobretudo em direção ao litoral do país.
Por outro lado, embora a cidade de Vila Real, sede do concelho, tenha sido um dos locais pioneiros no país a beneficiar da eletrificação, concretamente na última década do século XIX, em São Cibrão, por paradoxal que pareça, apenas se acenderam as primeiras lâmpadas em finais dos anos setenta do século XX, já em pleno regime democrático.
Estes factores que atrás referi constituíram-se, a meu ver, como uma parte estruturante do entrave ao desenvolvimento de um projeto de industrialização eficaz e sustentado nesta região do país.
Face ao traçado do terreno, inicialmente são as indústrias extrativas que acabam por ter alguma relevância na vida destas pessoas. Com um solo rico, capaz de gerar grandes superfícies cobertas de pinheiros, as populações valem-se da existência deste valioso recurso natural para dele obterem a lenha, usada para cozinhar os alimentos e para o aquecimento das casas, bem como a  madeira destinada à produção de alfaias agrícolas, ao soalhar e ao forrar das casas e também na construção civil.
Com uma melhoria nas condições de vida das pessoas e com a necessidade de satisfazer as exigências do quotidiano, como o conforto e o bem-estar, sente-se um incremento na indústria da construção civil. Diversas pessoas deixam o trabalho dos campos, cujo resultado lucrativo nem sempre era o esperado, face às condições climatéricas desfavoráveis, dedicando-se agora à construção de novas casas, com formas arquitectónicas bem distintas.

Atividades Terciárias
São Cibrão, tal como sucedeu em outros locais do país, acaba por beneficiar de um conjunto de medidas que, com o evoluir dos tempos, foram ao encontro das suas necessidades. Com as reformas educativas iniciadas ainda na década de sessenta do século XX, a admissão à Escola Pública abre-se à totalidade dos jovens, conseguindo-se, desta forma, índices de alfabetização mais elevados e, consequentemente, adquire-se uma formação intelectual mais dinâmica e generalizada, dando assim resposta às necessidades do mercado de trabalho.
É, desta forma, que a partir da década de oitenta, o setor primário perde definitivamente a importância que até aí detinha, passando agora algumas pessoas a desempenhar tarefas pertencentes ao setor terciário, particularmente em serviços como o turismo, em instituições e organismos públicos como jardins-de-infância, escolas, bancos, telecomunicações, saúde, entre outros.
A exigência do mercado de trabalho e a procura de novas formas de vida, leva muitas pessoas a tentarem obter formação e novos conhecimentos noutras paragens, sobretudo nas grandes cidades do litoral do país, acabando por ficar, em muitos casos, aí radicados. Este movimento acaba por provocar uma “litoralização” da população que, consequentemente, leva a uma diminuição da população residente.
Por tudo isto e à semelhança do que se passou um pouco por todo o país, a população desta aldeia deixa de ser maioritariamente agrícola, passando a ser, em grande parte, também uma população de serviços, contrariando o padrão tradicional de transição demográfica que se havia sentido no resto da Europa desenvolvida e industrializada, onde se verificou a passagem gradual da população entre os três setores de atividade.

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